domingo, 26 de julho de 2009

A morte do gourmet

Em seu leito de morte, o grande crítico gastronômico Pierre Arthens é tomado pela última obsessão: lembrar-se do sabor que mais o enfeitiçara. A viagem aos meandros do paladar começa na infância do protagonista, quando as artes culinárias da avó desabrocharam seu talento, e termina na consagração do profissional que celebrava deliciado uma simples sardinha frita ou um inesquecível sorbet de laranja. No caminho, ele descreve a descoberta dos sashimis; a sensualidade dos tomates amorosamente colhidos na horta da casa de sua tia; o primeiro gole de uísque; o aveludado erótico da ostra. Sabores e odores misturam-se na memória do agonizante. Em contraponto às suas recordações surgem as vozes das vítimas de seu cinismo e egoísmo: a mulher e os filhos, a amante, o aluno, o gato de estimação e até mesmo a concierge Renée, que os leitores de Muriel Barbery conheceram em "A elegância do ouriço".

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