segunda-feira, 2 de março de 2009

Os Wessel - uma história sem cortes

A história começa com o bisavô de István, que abriu o primeiro açougue da família por volta de 1830. O pai de István, László, conseguiu sobreviver à guerra e ao campo de concentração justamente por saber cortar e preparar carnes – é claro que teve também uma mãozinha de Deus nessa história. István conta com muita emoção os lances de sorte (ou de intuição) que possibilitaram a sobrevivência de seus pais à guerra, a fuga cinematográfica da família da Hungria após a invasão russa em 1956 (quando István tinha apenas 9 anos), e a viagem para o Brasil – onde eles pensavam que se falava o espanhol.
László logo percebeu que ser açougueiro no Brasil era meio pejorativo. E que como o mais jovem mestre-açougueiro diplomado na história da Hungria, aos 23 anos, poderia mostrar aos paulistanos por que ser mestre-açougueiro é uma profissão nobre na Europa. Em apenas 13 meses ele deixou de ser empregado para abrir seu próprio açougue, quase sem nenhum capital. O sucesso foi imediato e o livro conta seus curiosos métodos de trabalho. Revela também, com muito humor, a trajetória de István tentando ser um ás da eletrônica, inventando controles remotos e construindo estações amadoras de rádio antes de resolver pular para trás do balcão para ajudar o pai – e aprender com ele.
A partir daí, István, que é a quarta geração dos Wessel a trabalhar com carnes, passou a inovar: trouxe métodos modernos de maturação que garantiram carnes mais macias; lançou facas, tábuas, churrasqueiras e outros acessórios com a marca Wessel; estourou no mercado ao lançar o carpaccio, em 1980; abriu mais de 100 corners em supermercados; e publicou cerca de 200 artigos na imprensa especializada e outros três livros, mostrando que se deu muito bem com o idioma português.

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